
Pilotos criticam composto alternativo, mas desempenho de Lundgaard desafia previsões e reacende debate sobre estratégias
O clima na Fórmula Indy antes da largada do GP de Long Beach foi de desconfiança. Não em relação ao traçado ou aos adversários, mas sim aos pneus alternativos — os famosos “verdes”, que receberam duras críticas dos pilotos após o warmup da manhã de domingo.
Kyle Kirkwood, pole position e vencedor da prova em 2023, foi direto ao ponto:
“Os pneus verdes são horríveis. Você não quer correr com eles,” disse o piloto da Andretti Global ao RACER. “Acho que o Will Power parecia o melhor com eles, mas provavelmente estava com pneus novos. Ele só fez a primeira fase da classificação, então devem ter colocado um jogo novo pra ele. Parecia bom por isso.”
O composto alternativo, que já havia decepcionado na abertura da temporada em St. Petersburg, novamente mostrou desgaste acelerado. Por exigência da categoria, a Firestone entregou exatamente o que foi pedido: um pneu que degrada mais rápido, forçando decisões estratégicas complexas. Mas é difícil encontrar alguém satisfeito com o resultado.
Conor Daly, da Juncos Hollinger Racing, foi mais diplomático, mas também reconheceu os problemas:
“No começo, não achei os verdes ruins. A gente queria testar os dois compostos,” explicou. “Mas no fim do treino, alguns carros pareciam estar com pneus de moto, de tão ruins que estavam. Estavam se desintegrando. Então acho que veremos bastante desgaste nos verdes.”
Daly completou dizendo que repetir uma estratégia de duas paradas, como em St. Pete, seria quase impossível com o desempenho atual.
“Se alguém conseguir, vai ser algo fora do normal, mas com certeza alguém vai tentar. Eles estão bem ‘cliffy’ — perdem desempenho de repente.”
Kirkwood foi ainda mais incisivo:
“Vai ser um St. Pete de novo,” afirmou.
Questionado sobre a melhor estratégia, o piloto ponderou se seria melhor começar com os primários e deixar os verdes para o fim da corrida, quando a pista estaria mais emborrachada.
“Aqui talvez dê pra fazer isso, diferente de St. Pete. Long Beach é uma pista onde a posição de pista vale mais do que qualquer outra coisa,” analisou.
Apesar disso, logo após a entrevista, a Andretti Global optou por largar com os alternativos — mesma escolha de 21 dos 27 carros do grid, incluindo todos os 11 primeiros colocados. Ou seja, a maioria dos pilotos decidiu “tomar o remédio amargo” no começo.
Daly, que previu essa inversão, também partiu com os verdes e apostou em múltiplas paradas:
“Toda vez que achamos que os pilotos vão fazer uma coisa, eles fazem outra. Isso é o que torna tudo mais interessante.”
Mas quem decidiu remar contra a maré foi Christian Lundgaard. O piloto da Arrow Mclaren optou por largar com os pneus duros e trocá-los pelos verdes logo em seu primeiro pit stop. Com os alternativos, completou 12 voltas em ritmo muito semelhante — e eventualmente até superior — a concorrentes que estavam com os primários, o que contraria o discurso predominante no grid.
Segundo os pilotos, os verdes têm uma “janela” curta de alta performance antes de caírem abruptamente de rendimento. Mas Lundgaard mostrou que, em certas condições e com acerto adequado, é possível manter constância por mais tempo:
📊 Seu stint de 12 voltas foi não só competitivo, como desafiou a narrativa de que os pneus “verdes” são intragáveis após poucos giros.
O desempenho do dinamarquês reacende o debate sobre o uso dos compostos alternativos e aponta que o fator mais decisivo talvez não seja o pneu em si — mas sim como e quando ele é utilizado.