TARIFAÇO DE TRUMP AMEAÇA O ORÇAMENTO DAS EQUIPES

  • Léo "Rock" Alves
  • 8 de abril de 2025

Tarifas Globais Ameaçam o Orçamento das Equipes da Indy

Com grande parte das peças dos carros importadas da Europa, times temem aumento de custos e instabilidade nos investimentos a partir de 2026.

A temporada 2025 da Fórmula Indy mal começou e um novo desafio começa a preocupar os bastidores do campeonato: tarifas de importação mais altas impostas pelo presidente Donald Trump, em vigor desde a semana passada, podem impactar diretamente o custo de operação das equipes — principalmente a partir da próxima temporada.

O motivo? A estrutura dos carros da Indy é praticamente toda feita fora dos Estados Unidos. O chassi Dallara DW12, por exemplo, é produzido na Itália, e embora a fábrica da marca em Indiana faça parte do processo, o grosso dos componentes continua vindo da Europa. Com as novas taxas, peças vindas da União Europeia passaram a ter um acréscimo de 20% sobre o valor original, além de uma tarifa base de 10% para qualquer item importado.

Mais do que um chassi caro

Não é só o esqueleto do carro que pode pesar no bolso. Rodas das marcas italianas O.Z. e alemãs BBS, sistema de exaustão do Reino Unido, componentes do halo feitos na Áustria, amortecedores canadenses, cinto de segurança de vários fornecedores internacionais — tudo entra na conta.

A preocupação não é imediata, porque a maioria dos times já comprou peças e estocou insumos entre outubro e fevereiro, antes da nova política de tarifas. Mas para 2026, o custo de reposição e aquisição de novos carros pode explodir, especialmente com o novo chassi da Indy previsto para 2027.

“Por enquanto, não perdi o sono”, diz Ed Carpenter

Ed Carpenter, dono da Ed Carpenter Racing, comentou com a RACER que, apesar da atenção ao tema, a natureza antecipada das compras oferece uma camada de proteção.

“Nossa programação de compras é sempre adiantada, e geralmente até a Indy 500 já temos tudo que vamos usar no ano inteiro. Mas, claro, se houver acidentes ou imprevistos, pode mudar.”

Mike Shank, da Meyer Shank Racing, que também compete na IMSA, foi mais direto:

“Não temos fundo de emergência. O que temos são linhas de crédito que podem ter que ser usadas em breve. Tarifas nesse momento de instabilidade econômica não ajudam em nada.”

Shank comentou que as fábricas e fornecedores internacionais também sofrerão com os impactos e que será necessário diálogo:

“A margem de lucro deles é alta. Se a tarifa continuar, vamos ter que conversar com a Dallara para que eles absorvam parte desse custo, porque senão, vai quebrar as equipes.”

Uma possível saída: fabricar mais nos EUA?

Diante do cenário, há quem sugira expandir a base de produção da Dallara em Indiana para reduzir dependência de importações. A Penske Entertainment não comentou sobre a possibilidade, mas a discussão já está em pauta entre donos de equipe.

“Lucro não é pecado, mas excessos em tempos difíceis são”, conclui Shank.

A Fórmula Indy vive um momento de ascensão, com bons públicos e audiência em alta. Mas se o aumento nos custos não for contido ou redistribuído de maneira inteligente, os impactos no grid — especialmente entre as equipes médias e pequenas — podem ser severos nos próximos anos.

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