INDY CAMINHA PARA ARBITRAGEM E FISCALIZAÇÃO TÉCNICA INDEPENDENTE APÓS ESCANDALOS SUCESSIVOS NA CATEGORIA

  • Léo "Rock" Alves
  • 21 de maio de 2025

IndyCar se encaminha para revolução na arbitragem após novo escândalo envolvendo Penske

O escândalo envolvendo modificações ilegais nos carros da Team Penske durante a Indy 500 reacendeu uma antiga e delicada ferida da Fórmula Indy: o conflito de interesses entre a gestão da categoria e a equipe de seu proprietário, Roger Penske. E agora, esse cenário ameaça não apenas a credibilidade do campeonato, mas também a permanência da Honda como fornecedora oficial de motores.

A fabricante japonesa, segundo apuração do site RACER, teria condicionado a renovação do contrato de fornecimento — que expira no fim de 2026 — à criação de um corpo independente de arbitragem e fiscalização técnica, livre de qualquer vínculo com Penske Entertainment, IndyCar ou o próprio Indianapolis Motor Speedway.

“Falhamos como organização”, diz Roger Penske

Em resposta à repercussão do novo episódio de irregularidades técnicas — o segundo em pouco mais de um ano —, Penske demitiu três dos mais altos executivos de sua equipe: Tim Cindric, Ron Ruzewski e Kyle Moyer, apontando “falhas sistêmicas de supervisão”.

“Nada é mais importante do que a integridade do nosso esporte e das nossas equipes. Tivemos falhas organizacionais nos últimos dois anos e precisávamos de mudanças necessárias”, declarou Penske. “Peço desculpas aos nossos fãs, parceiros e à nossa organização por tê-los decepcionado.”

A decisão é vista como um gesto para tentar salvar não apenas a reputação da equipe, mas também o futuro da série. Afinal, Honda estaria no limite de sua paciência, tanto com as infrações recorrentes quanto com a percepção de favorecimento institucional à Penske — seja em decisões de corrida, exposição midiática ou oportunidades comerciais.

Nova governança da arbitragem

A criação de uma entidade autônoma e imparcial para fiscalizar inspeções técnicas e decisões de corrida foi confirmada pelo novo presidente da IndyCar, Doug Boles, em entrevista coletiva nesta semana.

“Queremos garantir que tenhamos uma entidade de arbitragem que não possa ser associada, de forma alguma, a Roger Penske ou à Penske Entertainment. Precisamos remover qualquer possibilidade de influência ou conflito de interesse”, afirmou Boles.

A estrutura seria formada por profissionais com vasta experiência no automobilismo, alguns com histórico na própria IndyCar, com autoridade para fiscalizar todas as equipes e pilotos. Seu escopo, porém, se limitaria ao ambiente esportivo de pista — a gestão estratégica da categoria continuaria sob comando da Penske Entertainment.

Independência a partir de 2026?

Inicialmente, a previsão era de que esse órgão independente entrasse em vigor somente em 2027, coincidindo com a nova era de motores da categoria. No entanto, a pressão exercida pela Honda pode antecipar a implementação para 2026, como condição para renovar seu compromisso com a Fórmula Indy.

Essa antecipação seria também uma tentativa de controlar os danos de imagem — dentro e fora do paddock. Ao menos dois escândalos envolvendo software e componentes físicos alterados em carros da Penske já geraram reação de patrocinadores, equipes rivais, fãs e executivos de marketing, que foram obrigados a dar explicações públicas sobre a integridade da competição.

Um divisor de águas

Nunca foi segredo que o arranjo onde o dono da categoria comanda uma equipe vencedora dentro dela incomoda muita gente. Mas após seis temporadas desse modelo, e dois episódios graves de descumprimento do regulamento, o desconforto agora se tornou insustentável.

A permanência da Honda, uma das duas fabricantes que sustentam a IndyCar tecnicamente e financeiramente, parece depender exclusivamente da separação total entre quem compete e quem regula. A série não pode mais se dar ao luxo de ignorar esse clamor.

Se o novo comitê independente de arbitragem realmente for criado e entrar em ação já em 2026, a IndyCar pode não apenas preservar seu ecossistema atual, como também pavimentar o caminho para reconquistar a confiança do mercado — e, quem sabe, atrair um tão aguardado quarto fabricante.

Mas o tempo está contra Roger Penske. E agora, mais do que nunca, integridade não é uma opção. É uma exigência.

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