“ALEGRIA DE POBRE DURA POUCO”: INDY TERÁ COBERTURA REDUZIDA EM RETORNO A BAND.

  • Léo "Rock" Alves
  • 11 de novembro de 2025

Quem nunca ouviu a frase “Alegria de pobre dura pouco”? Pois bem, ela nunca foi tão verdadeira para o indyfã.

Em 2020, a Band transmitiu sua última temporada completa da Fórmula Indy, encerrando uma fase que durou 16 anos consecutivos na emissora. Naquele mesmo ano, o canal do Morumbi havia adquirido — em parceria com a Liberty Media — os direitos exclusivos da Fórmula 1, até então exibida pela Globo, para exibição a partir da temporada 2021.

Cinco anos depois, o anúncio de que a Indy voltará à Band em 2026 parecia uma redenção. O fã, empolgado, imaginou que a categoria receberia o mesmo tratamento que a emissora dava à F1. Ledo engano.

Nesta terça-feira, o jornalista Gabriel Vaquer, da coluna Outro Canal (Folha de S.Paulo), revelou que o pacote comercial da Band para o mercado publicitário prevê apenas oito corridas da Indy ao vivo na TV aberta em 2026 — sem mencionar se as outras nove etapas serão exibidas, mesmo em VT. A notícia caiu como um balde de água fria para o público fiel da categoria, que já sofreu em outras ocasiões com decisões da emissora: corridas suprimidas da grade, cortes de transmissão e provas empurradas para o BandSports ou para horários alternativos.

A comparação com a cobertura atual é inevitável. Desde 2021, a TV Cultura mantém uma transmissão completa das 17 etapas da Fórmula Indy sempre ao vivo em TV aberta, e ou em simulcast no site e no aplicativo CulturaPlay. Em 2025, a emissora paulista consolidou-se como o canal de referência da categoria no Brasil, oferecendo uma entrega gratuita e acessível — um contraste gritante com o modelo que a Band promete adotar a partir de 2026.

Além disso, há um fator prático que ajuda a explicar — mas não justificar — a limitação da Band em exibir todas as corridas ao vivo: os conflitos de horário. A emissora mantém na grade dominical programas de apelo popular como o Apito Final (às 18h) e o Perrengue (às 20h), ambos com boa audiência e forte presença comercial. São atrações que movimentam anunciantes fiéis e dificilmente seriam sacrificadas para abrir espaço a uma corrida internacional de nicho, como a Fórmula Indy.

O problema é que muitas etapas da categoria ocorrem justamente em horários conflitantes. Corridas tradicionais da costa oeste dos Estados Unidos, como Long Beach, Laguna Seca (que encerrará a temporada de 2026) e Portland, costumam começar após as 16h, no horário de Brasília. Há ainda provas noturnas, como a de Gateway, que largam por volta das 21h, o que tornaria praticamente inviável sua exibição ao vivo na Band aberta sem grandes alterações na grade.

Em parte, é compreensível que a emissora busque preservar seus programas fixos e a rentabilidade do horário nobre. Porém, a comparação com a TV Cultura deixa evidente a diferença de postura. Quando havia conflito de horários, a TV Cultura recorria a soluções multiplataforma — transmitindo as provas ao vivo em seu site, aplicativo e até mesmo no YouTube*. Dessa forma, o público não ficava desamparado e mantinha o acesso gratuito a todas as corridas, sem depender de TV paga ou streaming premium.

Para quem deseja acompanhar a temporada completa, o cenário se complica. As demais transmissões seguirão com os canais ESPN, não é vendidos de forma avulsa, disponíveis apenas em pacotes de TV por assinatura, ou no Disney+ Premium, que custa R$ 63,90 por mês em valores atuais.

O impacto dessa mudança tende a ser devastador para o público que depende da TV aberta. Até o ano passado, o fã brasileiro podia acompanhar a temporada completa da Fórmula Indy sem precisar recorrer a assinaturas caras ou plataformas pagas. Agora, com a volta da categoria à Band em formato limitado, o sentimento é de frustração — mais uma vez, a alegria do Indyfã parece ter data de validade.

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