
Foto: Penske Entertainment: Joe Skibinski
Histórias de Luke Mason e Malcolm Finch mostram como o talento do “Down Under” encontrou espaço e sucesso nos Estados Unidos
O paddock da Fórmula Indy vem se tornando um destino cada vez mais comum para engenheiros da Austrália e da Nova Zelândia. E dois nomes de peso dentro da Team Penske deram um recado claro aos jovens profissionais que sonham em construir carreira fora de casa: é hora de considerar seriamente os Estados Unidos.
Luke Mason, engenheiro de corrida de Josef Newgarden no carro #2, e Malcolm Finch, responsável pelo carro #3 de Scott McLaughlin, compartilharam suas trajetórias e mostraram como a mudança de vida pode ser recompensadora.
De Supercars à IndyCar
Mason iniciou sua carreira na Supercars, trabalhando como engenheiro de dados na Stone Brothers Racing e depois na Erebus Motorsport, ainda no programa Mercedes-AMG E63. Aos 25 anos, decidiu que era hora de se arriscar:
“Eu pensei: é o momento certo. E no pior cenário, se tudo desse errado, eu voltava para casa e resolvia depois”, contou ao Speedcafe.
Inspirado pelo compatriota James Small, hoje engenheiro vencedor na NASCAR, Mason apostou na América do Norte. Primeiro, passou alguns anos na Richard Childress Racing, onde ficou impressionado com o nível de ciência e recursos aplicados até mesmo nos carros da NASCAR:
“É inacreditável a quantidade de engenharia para um carro que só vira para a esquerda e parece um tijolo. Aquilo abriu meus olhos”.
Depois, veio o passo decisivo: ingressou na Carlin, equipe que esteve na Fórmula Indy de 2018 a 2021. Foram quatro anos de altos e baixos, mas fundamentais:
“Era nadar ou afundar. Em grupos pequenos, você precisa confiar em si mesmo e aprender rápido. Isso me preparou para quando a porta se abriu na Penske”.
Desde então, Mason esteve ao lado de campeões. No primeiro ano, contribuiu para o título de Will Power e, em seguida, para as duas vitórias de Josef Newgarden nas 500 Milhas de Indianápolis:
“É um privilégio caminhar todos os dias por esse time e estar cercado de pessoas tão bem-sucedidas”.
O caminho de Malcolm Finch
Antes de se tornar engenheiro, Malcolm Finch foi piloto. Em 2011, venceu a prestigiada SpeedSport Scholarship da Nova Zelândia, prêmio que já revelou nomes como Liam Lawson, Shane van Gisbergen, Richie Stanaway e Nick Cassidy.
Apesar do talento, Finch logo percebeu que sua paixão estava no lado técnico. Começou na International Motorsport, em Auckland, e pouco depois já estava nos EUA, atuando em carros esportivos da IMSA.
Em 2019, ingressou na Team Penske como engenheiro de dados de Simon Pagenaud. Quando a equipe encerrou seu programa de protótipos e expandiu a IndyCar com um quarto carro para McLaughlin, Finch se juntou ao compatriota.
Com a reestruturação da Penske em 2025, que levou à saída de três engenheiros, Finch assumiu o cargo de engenheiro de corrida de McLaughlin:
“Eu amo o fato de que, na Indy, você corre simplesmente para ganhar. Não há truques de regulamento. É a forma mais pura de automobilismo. Claro que não podemos criar uma asa nova do nada, mas fazemos tudo para otimizar o que temos”.
Cultura, trabalho e oportunidades
Finch destacou que a Fórmula Indy é acessível para quem deseja tentar a sorte fora do país:
“Há restrições de visto, mas muitas equipes patrocinam isso. Se você é bom no que faz, logo abre espaço. O paddock é pequeno, todo mundo se conhece. Se você mostra trabalho, é altamente requisitado”.
Segundo ele, o diferencial dos profissionais da Oceania é a versatilidade e a ética de trabalho:
“Na Austrália e na Nova Zelândia, você sempre precisa fazer mais de uma função em equipes pequenas. Isso forma profissionais completos e muito valorizados aqui”.
Apesar de estar realizado, Finch admite a saudade de casa:
“Você não deixa de sentir falta da Nova Zelândia. Isso sempre fica”.
O recado para a nova geração
Mason reforçou o conselho para engenheiros jovens que sonham com a IndyCar:
“Você tem que se jogar. Se tiver paixão, ética de trabalho e vontade de vencer, vai encontrar um caminho. Esse é um esporte de performance. Se não for bom, alguém fará o seu trabalho. Mas se for, as portas vão se abrir”.
Ele contou que recebe mensagens constantes de engenheiros e mecânicos australianos interessados em dar o salto:
“Às vezes atrapalha no dia a dia, mas eu respeito, porque eu já estive do outro lado. Vale muito a pena para quem realmente quer”.
Fonte: Simon Chapman/Speedcafe