Parte inicial já está praticamente fechada, mas indefinições sobre etapa no México e possível prova em D.C. seguram anúncio oficial
O calendário da Fórmula Indy para 2026 parecia perto de ser anunciado ainda em julho, durante a etapa de Portland. A expectativa era de que a categoria confirmasse também o aguardado retorno ao Autódromo Hermanos Rodríguez, na Cidade do México. Dois meses depois, nenhum dos anúncios saiu do papel.
Segundo apuração do Indianapolis Star, a Penske Entertainment segue ajustando peças importantes: a definição da corrida no México, a possível inclusão de uma etapa de rua em Washington, D.C., e até mesmo a escolha da sede da corrida final da temporada, que pode deixar Nashville e voltar para Laguna Seca.
Primeira metade definida
A parte inicial do calendário já está praticamente fechada, com nove a onze corridas confirmadas. A temporada abrirá em St. Petersburg, no dia 1º de março, seguida pelo retorno de Phoenix International Raceway, em fim de semana conjunto com a NASCAR. Logo depois, a estreia do GP de Arlington (15/03) e uma inédita data de março para Barber Motorsports Park (27 a 29/03).
A tradicional Long Beach aparece logo em seguida, antecedendo o mês de maio em Indianápolis, com a sequência de sempre: circuito misto (09/05), classificação da Indy 500 (16 e 17/05) e a corrida mais famosa do automobilismo (24/05). A maratona fecha em Detroit (31/05).
O calendário deve ainda incluir WWT Raceway (06 ou 07/06) antes da Copa do Mundo da FIFA, que terá transmissão exclusiva da Fox — nova parceira da IndyCar — e impacta diretamente o posicionamento das etapas. Road America (21/06) e Mid-Ohio (05/07) devem manter suas datas tradicionais, garantindo pelo menos 11 corridas até julho.
Na segunda metade do ano, já estão garantidos Markham, no Canadá (16/08), e o retorno da Milwaukee Mile (30/08).
O enigma México x Washington
O retorno ao México, impulsionado pela popularidade de Pato O’Ward, parecia certo. A ideia era encaixar o autódromo da capital logo após Laguna Seca (19/07). Mas os planos esbarraram na própria Copa do Mundo: a Cidade do México será sede do torneio, e o risco de confronto de datas — ainda mais se a seleção mexicana avançar — tornou a negociação mais complicada.
Além disso, a promotora do circuito, agora controlada em 75% pela Live Nation (ligada à Liberty Media, dona dos direitos de marketing da F1), aumentou a pedida tanto de taxa de aluguel quanto de participação na bilheteria, travando o acordo.
Paralelamente, surgiu a possibilidade de uma corrida de rua em Washington, D.C., como parte das celebrações dos 250 anos dos Estados Unidos. A ideia teria apoio político e até ligação com outros eventos, como um UFC previsto para acontecer nos jardins da Casa Branca. O desafio, claro, seria viabilizar um traçado e toda a burocracia que envolve uma corrida em plena capital americana.
Final de temporada em disputa
Outro ponto sensível é o encerramento do campeonato. Laguna Seca, que já foi final em 2019 e 2022-23, pode voltar a assumir o posto, desbancando o Nashville Superspeedway, que fechou a temporada nos últimos dois anos.
Embora a prova no oval do Tennessee tenha registrado queda de público neste ano, a audiência televisiva foi alta — 1,142 milhão na Fox com vitória de Josef Newgarden —, reforçando o interesse local. O piloto, inclusive, defendeu abertamente que o campeonato deveria terminar sempre em sua cidade natal:
“Acho que deveríamos encerrar o campeonato em Nashville o tempo todo. Não importa se é neste autódromo ou em outro lugar da região, mas tem que ser em Nashville”, disse Newgarden na transmissão da Fox.
O ex-promotor do evento, Scott Borchetta, ainda influencia nos bastidores e pressiona pela manutenção do final em Nashville, sonhando em retomar no futuro a ideia de um traçado de rua no centro da cidade.
Uma análise mais crítica indica que é fundamental manter a corrida final no oval de Nashville pode ser uma escolha estratégica acertada para a Fórmula Indy, mas é fundamental que a categoria e seus promotores a transformem em um verdadeiro espetáculo. O traçado em si não carrega a aura mística de um Indianapolis ou de um Laguna Seca, mas tem a seu favor o fato de estar em uma região vibrante e conectada com a cultura musical. Para que o público enxergue o evento como uma grande decisão de campeonato, a prova precisa assumir uma identidade de “season finale” que vá além da pista, com experiências que tornem a ida ao autódromo um acontecimento imperdível.
Nesse sentido, atrações extra pista podem ser a chave para consolidar Nashville como palco ideal da última corrida do ano. Shows de artistas de renome, presença de celebridades e ativações culturais que remetam à cidade da música ajudariam a criar uma atmosfera única, reforçando a ideia de que não se trata apenas de mais uma etapa do calendário, mas sim do grande encerramento da temporada. Se bem trabalhado, o evento pode se tornar um marco anual, elevando a visibilidade da Indy e criando uma tradição que dialoga diretamente com a força da cidade no cenário cultural e esportivo dos Estados Unidos.
A peça que falta
No fim, a grande questão é se o calendário terá México ou D.C. — dificilmente os dois. O encaixe dessa etapa será determinante para o posicionamento de outras provas, como Portland, Nashville ou até Laguna Seca.
Com a Fox agora detendo 33% de participação na Penske Entertainment, a montagem do calendário de 2026 virou também um quebra-cabeça de audiência e posicionamento estratégico na TV. A expectativa é que a IndyCar aproveite a exposição da Copa do Mundo para alavancar sua visibilidade, mas as negociações continuam.
Fonte: Nathan Brown/Indianapolis Star