Foto: Penske Entertainment: James Black
Veterano terá engenheiro inédito e missão de elevar nível interno da equipe
A Andretti Global inicia 2026 com uma de suas apostas mais ousadas em anos: a chegada de Will Power ao carro nº 26 da equipe. A contratação do australiano, campeão da Fórmula Indy e vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, traz consigo não apenas experiência, mas também a necessidade de uma reestruturação técnica. Nathan O’Rourke, engenheiro que acompanhou Colton Herta desde 2019 e esteve ao lado dele em nove vitórias, deixa a função de pista para assumir um papel interno. Caberá à Andretti definir o novo nome que trabalhará diretamente com Power, movimento considerado estratégico para integrar rapidamente o piloto ao ambiente do time.
Rob Edwards, COO da Andretti, destaca que a mudança já estava prevista antes da decisão de redirecionar Herta para a Europa. Segundo ele, a equipe está em fase de ajustes finos: “Ao final de cada ano, avaliamos o que funcionou e o que não funcionou. Algumas peças mudam, outras ficam. A chegada do Will é fundamental para dar um novo impulso”. Para Edwards, o mais importante é que Power se mantenha fiel ao estilo que o tornou um dos maiores da categoria: “Ele vive e respira isso. Trabalha tão duro hoje quanto no início da carreira. Queremos apenas que ele seja o Will Power que todos conhecem”.
O retrospecto recente mostra que a Andretti foi competitiva em diversos momentos da temporada passada, com Kyle Kirkwood terminando em quarto lugar no campeonato após três vitórias, enquanto Herta reagiu no segundo semestre para encerrar em sétimo. Já Marcus Ericsson enfrentou seu pior ano, fechando apenas em 20º. Nesse contexto, a chegada de Power representa mais que um reforço: é um recado interno. Edwards aposta que o veterano servirá como parâmetro para os demais: “Ele vai definir o padrão, e os outros vão subir de nível por conta disso. Ele tem o histórico, o respeito e a capacidade de elevar a equipe como um todo”.
No fundo, o que a Andretti busca é recuperar a aura de protagonista que lhe escapa há mais de uma década — o último título veio em 2012, e a vitória mais recente nas 500 Milhas em 2017. Se Power conseguir, além de resultados imediatos, inspirar Kirkwood e Ericsson a acompanharem seu ritmo, a Andretti pode finalmente voltar a disputar de igual para igual contra Ganassi e McLaren. O desafio, portanto, não é apenas técnico, mas cultural: transformar a chegada de um campeão em um novo ponto de partida.
A chegada de Will Power à Andretti deve ser vista como um divisor de águas. Não basta enxergá-lo como um reforço de última hora; é preciso tratá-lo como catalisador de uma mudança de mentalidade. A equipe passou anos se acomodando entre lampejos de competitividade e frustrações, e o australiano chega justamente para quebrar essa inércia. Se for utilizado apenas como “mais um piloto”, a Andretti terá desperdiçado a chance de ouro que bate à sua porta.
Mais do que resultados, Power traz consigo disciplina, resiliência e uma obsessão pelo detalhe que podem redesenhar a cultura da equipe. A Andretti precisa se apropriar desse espírito e disseminá-lo internamente, transformando o veterano em modelo e referência. Só assim será possível converter talento em consistência, e consistência em títulos. Caso contrário, a contratação corre o risco de se tornar mais uma boa história para o mercado, mas sem impacto real nas pistas.
Fique de Olho: Quem será o novo engenheiro de Power? Nomes como Eric Cowdin (ex-Team Penske) ou Gavin Ward (ex-Arrow Mclaren) podem surgir.