IndyCar mantém otimismo, mas entraves jogam sombra sobre a reestreia em solo mexicano.
O entusiasmo era palpável: dois meses atrás, autoridades da Penske Entertainment repetiam que uma corrida da Fórmula Indy em Cidade do México em 2026 era questão de tempo. “Será um grande evento-pilar”, afirmou o presidente Mark Miles no podcast Off Track with Hinch and Rossi, transmitindo confiança total sobre o anúncio. “Estamos muito confiantes de que correremos no México em 2026”, garantiu um executivo da categoria para o IndyStar.
A cidade, palco anual da F1 no Autódromo Hermanos Rodríguez, surge como sequência lógica para a expansão internacional da IndyCar — em especial considerando a legião de fãs de Pato O’Ward, ídolo local. Além do México, outra vaga no calendário de 2026 já está confirmada: o Grand Prix de Arlington, no Texas.
Mas o cenário “quase fechado” esbarra em três obstáculos importantes:
- Questões financeiras exigentes: inicialmente, a OCESA pedia US$ 1–1,5 milhão para aluguel do autódromo, sem participação na bilheteria. Agora, dobrou o valor e exige até 12% da receita com ingressos.
- Nova soberania da OCESA: a Live Nation (empresa controlada pela Liberty Media, detentora dos direitos de marketing da F1) elevou sua fatia na OCESA para 75%, passando a controlar o autódromo. Isso introduz conflito potencial — por que impulsionar um rival em seu território?
- Leque de falhas internas da própria IndyCar: o mercado mexicano não tem sido conquistado com propriedade. Como observou o IndyStar, a lentidão em promover corridas, inclusive em autódromos nos EUA, gera dúvidas sobre se a Penske Entertainment está preparada para executar eventos próprios com força total.
Esse é aquele momento no automobilismo em que o jogo fora da pista é mais estratégico do que qualquer disputa no circuito. Acreditar que “tudo está certo” correndo atrás de uma etapa mexicana pode ser uma armadilha. A Liberty Media tem seus interesses — a F1 bate recordes no México, e pode não estar inclinada a facilitar a invasão de uma concorrente.
Além disso, o histórico da Indy de dar passos de formiga quando o momento exige ousadia é preocupante.
Não me surpreenderia se, quando a lista de 2026 for revelada, a vaga mexicana sumir — ou ao menos sofrer atraso. Ainda assim, a posição pública de “confiança total” pode ter sido uma estratégia para não perder a oportunidade de mercado.
IndyCar México 2026 – Cronograma e Pontos de Atrito
1. Contexto Inicial (2024 – 2025)
- Motivo: Expansão internacional da IndyCar; Pato O’Ward, ídolo local, impulsiona interesse.
- Representante: Ricardo Escotto, empresário mexicano, atuando como promotor local.
- Objetivo: Realizar a corrida no Autódromo Hermanos Rodríguez, casa da F1.
2. Cronograma de Negociação
Data | Evento |
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Ago/2024 | IndyCar avalia México como possível adição ao calendário 2026. |
Set/2024 – Jul/2025 | Escotto conduz negociações com OCESA; Penske Entertainment atua em apoio estratégico. |
Jun/2025 | NASCAR realiza corrida “one-off” em Autódromo Hermanos Rodríguez; potencial conflito de datas. |
Jul/2025 | Estrutura financeira discutida: aluguel do autódromo e participação em bilheteria. |
Ago/2025 | Fox Corp. se torna sócia da Penske Entertainment (33%); aumenta poder financeiro e influência. |
Futuro Próximo | Planejada corrida pós-FIFA World Cup (verão 2026); contrato ainda pendente de assinatura. |
3. Atores Principais
- Penske Entertainment: dono da IndyCar e IMS, busca expansão internacional.
- Fox Corp.: nova sócia minoritária, com influência em mídia e marketing.
- OCESA: operador do autódromo; agora 75% controlado pela Live Nation.
- Liberty Media: dona da F1 e da Live Nation; possível conflito de interesses.
- Ricardo Escotto: promotor local, negociando aluguel, patrocínios e taxas.
4. Pontos de Atrito
Questão | Detalhes |
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Aluguel do Autódromo | Inicial: US$ 1–1,5M sem participação em ingressos; agora > US$ 3M + 12% de bilheteria. |
Controle do Autódromo | Live Nation (Liberty Media) detém 75%; interesses na F1 podem limitar apoio à IndyCar. |
Histórico de Marketing | IndyCar tem experiência limitada em eventos internacionais; risco de execução fraca. |
Cronograma Competitivo | Ajustes pós-FIFA World Cup; coordenar datas com outras etapas e evitar conflito com NASCAR. |
Expectativa vs Realidade | Anúncios públicos otimistas podem não refletir fechamento do contrato. |
5. Observação Final
- A corrida ainda é uma proposta em negociação; chances de acontecer estão sujeitas a ajustes financeiros, acordos com a OCESA/Live Nation e estratégia de marketing.
- A entrada da Fox e o histórico de Roger Penske aumentam a capacidade de fechar o acordo, mas riscos permanecem altos.