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Clima tenso após sequência de toques entre Rasmussen e Daly em Portland — direção de prova opta por não agir
A etapa de Portland da Indy no último domingo foi marcada por um duelo turbulento entre Christian Rasmussen (Ed Carpenter Racing) e Conor Daly (Juncos Hollinger Racing), que acabou com o carro do norte-americano contra o muro após três contatos em apenas duas voltas consecutivas. Apesar da escalada de incidentes, os comissários decidiram não aplicar qualquer punição a nenhum dos dois pilotos — decisão que gerou questionamentos sobre a consistência e a rigidez das regras da categoria.
O primeiro momento de atrito veio na curva 7, quando Rasmussen espalhou na saída e empurrou ambos para a grama. No retorno ao asfalto, Daly reagiu: no fim da reta principal, já na curva 2, tocou a traseira do carro do dinamarquês. O desfecho mais grave aconteceu pouco depois, na veloz sequência de curvas 10 e 11, quando um novo contato enviou Daly pela grama e direto para as barreiras, com força suficiente para levantar o carro do chão.
O RACER apurou que a ausência de punição pode estar relacionada à interpretação da regra de avoidable contact (contato evitável), que atribui ao piloto que tenta a ultrapassagem — no caso, Daly na curva 10 — a responsabilidade de completar a manobra sem incidentes. Essa leitura, porém, desconsidera os dois contatos anteriores, que criaram um contexto de tensão e provocaram a manobra decisiva que terminou no acidente.
Isoladamente, a última colisão pode até se encaixar na definição da regra 9.3.3 do regulamento. No entanto, ignorar o histórico imediato — com manobras agressivas e repetidas disputas de espaço — levanta dúvidas sobre se a direção de prova está realmente considerando a totalidade das circunstâncias, como recomendam práticas de arbitragem mais criteriosas no automobilismo.
Após terminar em 12º, Rasmussen minimizou a polêmica:
“O início da corrida foi muito bom para nós. Subi para 12º com os pneus pretos, mas eles se tornaram difíceis de administrar. Tive um incidente com Conor que nos jogou para trás, e a partir daí foi recuperação. Com estratégia e um bom ritmo nos pneus vermelhos, voltamos ao 12º. Estou feliz com isso e ansioso para os ovais no fim da temporada.”
Já Daly, liberado após avaliação médica, não poupou críticas:
“Vi ele quase jogar o Colton (Herta) no muro na reta de trás. Quando tentei passar na curva 7, ele se jogou para fora para me levar junto. Não vejo sentido nisso, pareceu estupidez. Depois, na reta, ele estava lento e eu tentei passar, mas ele simplesmente não parou. É uma curva muito perigosa para fazer isso. Tinha mais aderência e já havia feito a ultrapassagem na volta anterior no Colton. Foi uma manobra bem desagradável e não entendi a lógica.”
Com a postura leniente, a Indy dá margem para que disputas acirradas se transformem em sequências de toques e retaliações veladas, sem consequências imediatas. Para alguns, isso mantém o espírito “duro” da categoria; para outros, é um risco desnecessário que pode terminar com acidentes de grandes proporções — como o que Daly viveu em Portland.