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Pilotos aprovam condução da IndyCar em Laguna Seca, apesar dos riscos. Fãs e mídia especializada não perdoam e criticam pesadamente a atuação.
A decisão da direção de prova da Fórmula Indy em manter bandeiras locais durante dois incidentes críticos no GP de Laguna Seca gerou comentários entre os pilotos — e, em sua maioria, eles aprovaram a abordagem, mesmo reconhecendo os riscos.
O primeiro caso envolveu Rinus VeeKay, que ficou preso na brita da curva 3 após um toque de Kyle Kirkwood. Seu carro, o #18 da Dale Coyne Racing, estava distante da pista — mais de nove metros do traçado — e não oferecia risco imediato aos competidores. Ainda assim, permaneceu ali por duas voltas sem a entrada de bandeira amarela total.
Já Marcus Ericsson rodou na Rahal Straight, trecho de subida antes do Saca-Rolhas, e ficou atravessado no traçado, bloqueando parcialmente a linha. Com os novos sistemas de recuperação de energia, o sueco tentou religar o carro, mas não teve sucesso. A IndyCar, então, atrasou o acionamento da bandeira amarela geral, priorizando a possibilidade de que o carro pudesse sair sozinho — o que não aconteceu.
Esse tipo de decisão é recorrente em circuitos mistos e de rua na Indy: quando há incidentes que não oferecem risco imediato, a direção de prova opta por esperar antes de acionar a bandeira amarela geral. O motivo? Evitar que líderes que ainda não pararam nos boxes sejam prejudicados por rivais que já fizeram seus pit stops. Ao manter a pista aberta por alguns instantes, a Indy permite que os ponteiros façam suas paradas, mantendo suas posições e evitando distorções estratégicas.
Para Christian Lundgaard, segundo colocado na corrida, a lógica faz sentido, embora não esteja isenta de riscos.
“Tem prós e contras”, comentou o piloto da RLL. “Estava dirigindo e pensando: ‘Por que tem um carro de lado — ou melhor, de costas — na entrada do Saca-Rolhas e seguimos em bandeira verde por duas voltas?’. Sim, havia bandeira local, mas se alguém estiver mexendo no volante ou distraído, pode dar muito errado. No caso do VeeKay foi mais justo, porque ele estava na brita, bem fora da linha de corrida. Acho que a Indy tem sido consistente nisso. Não que eu concorde 100%, mas valorizo essa consistência.”
Colton Herta, que completou o pódio, foi direto: a estratégia o favoreceu, e ele defende que continue assim. Tanto ele quanto Alex Palou — vencedor da prova — conseguiram entrar nos boxes antes da bandeira amarela total e preservaram suas posições na frente.
“Eles devem manter os boxes abertos o máximo possível e permitir que os líderes parem sempre que der”, disse Herta. “Não é justo você ser um dos mais rápidos, largar bem e perder tudo por causa de uma amarela. Isso já aconteceu com todo mundo. Mas, quando você está sempre na frente, dói mais. Acho que a Indy acertou e deveria continuar assim.”
As decisões da direção de prova em Laguna Seca, embora elogiadas por alguns pilotos, deixaram uma sensação incômoda entre parte dos fãs e analistas. A demora no acionamento da bandeira amarela durante o incidente com Marcus Ericsson, por exemplo, foi particularmente alarmante. O sueco ficou atravessado na pista, com 75% do carro ocupando a linha de corrida em um dos pontos mais rápidos e cegos do circuito, a Rahal Straight. A insistência da IndyCar em manter bandeiras locais por duas voltas, apostando na religação do carro, expôs os pilotos a um risco desnecessário de colisões sérias. Num esporte onde decisões em frações de segundo podem custar caro, a hesitação foi no mínimo temerária.
O caso de Rinus VeeKay, embora em uma situação aparentemente mais segura por estar fora da linha de corrida, também alimentou a percepção de que a direção de prova priorizou considerações estratégicas em detrimento da segurança. Muitos fãs acusaram a Indy de manipular as janelas de pit stop ao adiar as bandeiras amarelas, garantindo que pilotos da frente pudessem parar antes do fechamento dos boxes.
A questão é: até que ponto vale colocar a integridade dos pilotos em segundo plano para manter o jogo estratégico equilibrado? A ausência de uma liderança firme e comprometida exclusivamente com a segurança levanta dúvidas sobre os reais critérios adotados nas decisões da torre.
A regra implícita da categoria contrasta com o que acontece nos ovais, onde a bandeira amarela é acionada quase imediatamente em qualquer incidente. A diferença mostra como a IndyCar trata seus circuitos de forma estratégica — uma decisão que pode parecer polêmica, mas que, no fim das contas, é cada vez mais defendida por quem briga nas primeiras posições.