Foto: PENSKE ENTERTAIMENT: CHRIS OWENS
Com temperaturas beirando os 36 °C e trajes antichamas, mecânicos enfrentam desgaste extremo durante o GP da Fórmula Indy em Elkhart Lake — com direito a toalhas geladas, picolés de eletrólito e trabalho em equipe para evitar a exaustão.
Enquanto Alex Palou cruzava a linha de chegada em primeiro lugar no GP XPEL de Road America, no último domingo (22), com ajuda do seu sistema de refrigeração interna, os verdadeiros sobreviventes da corrida talvez tenham sido os mecânicos de pit lane.
A temperatura em Elkhart Lake chegou a 36 °C (96°F), e os trajes grossos e antichamas usados pelos membros das equipes tornaram o trabalho ainda mais exaustivo, sobretudo em um dia de céu limpo e calor abafado. Mesmo com a liberação por parte da Fórmula Indy para o uso de tendas pop-up nas garagens como forma de sombreamento, foi uma verdadeira maratona de resistência fora dos carros.
“Eu bebo muita água, mas não como nada antes da corrida. E coloco uma toalha gelada no pescoço”, revelou Renato Laporte, chefe de mecânicos de Rinus VeeKay, à RACER.
O próprio VeeKay também adotou medidas extremas: entrou em uma banheira de água a 7 °C (45°F) por 10 minutos pouco antes da largada para baixar a temperatura interna do corpo. “Ajuda muito”, disse.
Picolé de Pedialyte, ventiladores e muito trabalho em equipe
Cada equipe encontrou sua forma de lidar com o calor. O chefe de mecânicos de Will Power, Matt Jonsson, contou que além de muita água, picolés de Pedialyte — famoso repositor de eletrólitos — também ajudaram.
A IndyCar, ciente das condições severas, permitiu o uso de ventiladores de alta potência e coolers portáteis para os mecânicos se refrescarem entre os pit stops. “Isso foi muito bom e ajudou bastante”, disse Jonsson. “Levamos até um cooler a mais, estilo ‘pântano’, pra tentar deixar as coisas um pouco melhores.”
Na Meyer Shank Racing, o chefe de mecânicos de Felix Rosenqvist, Jimmy Looper, destacou que a rotina de hidratação dos membros da equipe segue o que é feito pelo próprio piloto. “A maioria de nós corre, então já estamos acostumados a treinar no calor. Mandamos um e-mail no começo da semana para lembrar todos de se hidratar bem antes do fim de semana. Se deixar pra hidratar aqui, já é tarde demais.”
Outro diferencial foi o trabalho em equipe. O gerente de equipe da Chip Ganassi Racing, Blair Julian, contou que o “sistema de parceria” foi essencial para manter todos atentos aos sinais de desidratação. “É ficar de olho um no outro, garantir que o colega ao lado esteja bebendo água e mantendo os níveis certos de eletrólitos. A gente também trabalha com uma empresa de catering que adapta o cardápio às condições do dia.”
Calor, estratégia e esforço coletivo
O domingo foi difícil não só para os pilotos, que usaram sistemas de refrigeração pessoal dentro dos carros, mas principalmente para os que ficaram do lado de fora. O GP de Road America foi uma prova não apenas de velocidade e estratégia, mas também de resiliência física e trabalho coletivo de todas as equipes do paddock.
Se os carros aceleraram por 55 voltas no belo traçado de 6,4 km em Wisconsin, os mecânicos travaram sua própria corrida: contra o calor, o cansaço e o desgaste — e todos cruzaram a linha de chegada como verdadeiros vencedores