Foto: Penske Entertainment: John Cote
Como a confusão de cores e patrocínios pode estar afastando os jovens do automobilismo
Derek Daly, ex-piloto e hoje uma das vozes mais respeitadas do automobilismo, escreveu uma carta aberta a Roger Penske, dono da Fórmula Indy, com um alerta urgente: a categoria está confundindo seus fãs – especialmente os mais jovens – com tantas mudanças de cores e patrocínios.
E ele tem razão.
Imagine você, um adolescente, assistindo pela TV ao seu piloto favorito vencer as 500 Milhas de Indianápolis em um carro amarelo vibrante. Você compra o boné, a camiseta, se emociona com a vitória… e, na semana seguinte, ele aparece em um carro preto, sem nenhuma relação com a imagem que te conquistou. Frustrante, não?
Pois é exatamente isso que acontece na Fórmula Indy hoje.
O problema da “confusão de cores”
Daly cita exemplos claros:
- Josef Newgarden venceu as 500 Milhas com o carro amarelo/vermelho da Shell, mas nas corridas seguintes apareceu com patrocínios diferentes (Hitachi, Astemo), cores distintas e até uniformes que não batiam com o carro.
- Scott McLaughlin, da Penske, já correu em amarelo (Pennzoil), azul (Gallagher) e vermelho (Odyssey) na mesma temporada.
- Graham Rahal chegou a trocar a pintura do carro entre o sábado e o domingo em Detroit.
Até os narradores da NBC (como Leigh Diffey e James Hinchcliffe) já admitiram ao vivo que não conseguiam distinguir alguns carros. Se os profissionais se perdem, imagine o fã casual.
Por que isso importa?
- Identidade visual cria conexão emocional. Times da NFL, NBA e F1 mantêm cores fixas justamente para fortalecer a marca. Ferrari é vermelha, McLaren é laranja. Na Fórmula Indy, só a Arrow McLaren segue essa lógica com sucesso.
- Crianças e novos fãs precisam de referências. Se um “pequeno Roger” (como Daly chama) não consegue reconhecer seu ídolo de uma corrida para outra, ele perde o interesse.
- Patrocínios são importantes, mas não podem sabotar o marketing. Equipes priorizam contratos de curto prazo em vez de construir uma imagem duradoura.
O que pode ser feito?
Daly sugere:
✅ Estabelecer cores fixas para as equipes (como a McLaren faz), integrando patrocinadores sem mudanças radicais.
✅ Limitar pinturas especiais a ocasiões únicas (ex.: comemorações).
✅ Alinhar marketing e vendas para equilibrar captação de patrocínio e experiência do fã.
É hora de simplificar
A Fórmula Indy tem um produto espetacular – corridas acirradas, pilotos carismáticos e emoção garantida. Mas se os fãs não conseguem acompanhar quem é quem, a categoria perde força.
Roger Penske, um homem que entende tanto de negócios quanto de corridas, tem a chance de resolver isso. Cores importam. Identidade importa. E os fãs – especialmente os jovens – merecem algo em que possam se agarrar.
Como diz Daly: “Se você dificulta a vida do fã, ele simplesmente deixa de ser fã.”
E aí, você concorda? Deixe seu comentário!
(Texto inspirado na carta de Derek Daly, publicada originalmente no The Race.)