Foto: Penske Entertainment: Joe Skibinski
Mudança imposta pela Fórmula Indy exige o uso duplo dos pneus primários e alternativos. Estratégias mais ousadas podem aparecer – mas impacto ainda é incerto.
A Fórmula Indy vai testar neste sábado, no circuito misto de Indianápolis, uma nova regra que pode afetar significativamente a dinâmica da corrida: a obrigatoriedade do uso duplo dos pneus primários (mais duros) e alternativos (mais macios) da Firestone durante as 85 voltas do Sonsio Grand Prix.
Embora a mudança traga complexidade teórica, na prática ela apenas formaliza um padrão: nas edições de 2023 e 2024, Alex Palou venceu usando três paradas, assim como a maioria do grid. Ou seja, as equipes já vinham utilizando essa tática por eficiência, e não por obrigação.
A grande virada de jogo, porém, está em não permitir mais que as equipes usem o composto menos eficiente apenas uma vez. Em etapas como St. Petersburg, por exemplo, era comum largar com os alternativos e abandoná-los após duas voltas — exigência mínima da regra — para passar o restante da prova com os primários. Isso não será mais possível.
Agora, será obrigatório voltar aos pneus menos desejados uma segunda vez. Para o presidente da Penske e estrategista de Josef Newgarden, Tim Cindric, a medida tira um dos elementos-chave da imprevisibilidade: “Esse circuito às vezes tem uma amarela logo no começo, e aí a estratégia muda entre tentar fazer duas paradas com economia de combustível ou arriscar nas três. Mas Indianápolis é difícil de esconder quando você está economizando demais ou no pneu errado.”
A expectativa, segundo Barry Wanser, estrategista de Palou, é que estratégias parecidas com as dos anos anteriores ainda sejam viáveis — desde que o tradicional caos na curva 1 da largada não embaralhe tudo.
“Se o começo da corrida tiver bandeira verde, pode ser vantajoso parar cedo, tipo entre cinco e dez voltas, para se livrar do composto menos preferido e pegar ar limpo. Com isso, dá pra tentar ganhar posições contra quem está próximo. Talvez não funcione para o top 10, mas no meio do pelotão pode ser uma jogada interessante”, opinou.
Outro detalhe: a nova regra não exige mais o uso de jogos novos de pneus para cumprir a obrigatoriedade. Ou seja, compostos usados também valem — o que pode gerar mais variações entre as escolhas.
Além disso, como o fim de semana tem apenas dois dias de atividades, o número total de jogos caiu de 10 para 9 — sendo cinco de primários e quatro de alternativos. Isso deve influenciar diretamente o comportamento das equipes nos treinos e na classificação.
“Ter que usar mais um jogo de primários muda bastante como você vai treinar e classificar. A gente perdeu um jogo também para a prática. Então vai ser tudo bem mais disciplinado agora”, analisou Cindric.
Ele elogia a tentativa da categoria de buscar algo novo, mas questiona se o local escolhido é o mais adequado. “Aplaudo a iniciativa de tentar algo diferente, mas será que esse é o lugar onde isso vai fazer mais diferença? Talvez não. Se fosse em St. Pete, seria bem mais significativo.”
Rob Edwards, chefe de operações da Andretti Global e estrategista de Colton Herta, tem opinião semelhante, mas valoriza o lado do entretenimento.
“Talvez a regra nem mude tanto assim o perfil da corrida, mas é um bom lugar para experimentar. Melhor testar no misto de Indianápolis do que em um circuito de rua, onde a diferença de desempenho entre os compostos é mais crítica”, disse. “Estamos no negócio das corridas, mas também do entretenimento. E se é pra testar alguma coisa, o Indy GP é o melhor palco para isso.”
A corrida acontece neste sábado, com transmissão ao vivo no Brasil pela TV Cultura, ESPN4 e Disney+, a partir das 17h30 (horário de Brasília).