EM MEIO A DIFICULDADES E TENSÃO HÉLIO GARANTE VAGA SUADA NO GRID PARA INDY 500

Foto: Penske Entertainment: Paul Hurley

  • Léo "Rock" Alves
  • 18 de maio de 2025

Brasileiro enfrenta equilíbrio instável, vento traiçoeiro e carro limitado para alcançar a 24ª posição no grid da 109ª edição da prova

O que se viu no sábado (18), durante a classificação para as 500 Milhas de Indianápolis de 2025, foi um raro momento de tensão e frustração estampado no semblante de Hélio Castroneves. O quatro vezes vencedor da prova, acostumado a transitar com leveza e carisma mesmo nos momentos mais difíceis, deixou o oval de Indianápolis abatido e em silêncio após sua segunda tentativa — uma das classificações mais dramáticas de sua longa carreira.

Logo no início do dia, o susto: o carro #06 da Meyer Shank Racing teve que ser recolhido aos boxes antes mesmo de ir para a pista. Sem carenagens, com o chassi quase cru e movimentação mínima dos mecânicos, o clima nos boxes era de apreensão. A Honda interveio para checar e ajustar os últimos detalhes do motor, enquanto o tempo corria e as temperaturas caíam com o vento traiçoeiro que soprava pelas curvas 1 e 2 — e que, mais tarde, se tornaria o maior inimigo do brasileiro na pista.

Na primeira tentativa, Hélio fez o que pôde com um carro claramente instável. Foram quatro voltas marcadas por esforço e tensão:

  • Volta 1 – 229.588 mph
  • Volta 2 – 230.584 mph
  • Volta 3 – 229.254 mph
  • Volta 4 – 229.117 mph
    Média: 229.634 mph, o que o colocava provisoriamente na 28ª posição.

Mas o desempenho não veio sem dificuldade.

“Infelizmente o carro não está me indicando o que eu tenho que fazer,” desabafou o brasileiro após a saída. “Se eu viro um pouco tarde ele não entra, se eu viro um pouco cedo ele sai de traseira… então é difícil você obviamente manter. Mexendo nas ferramentas que você tem dentro do carro, é difícil adivinhar o que possa fazer. Eu sei que todo mundo tá tendo o mesmo problema, mas ao mesmo tempo… a gente tá com arrasto. O carro não tem velocidade. Aí é a receita perfeita”, completou, visivelmente frustrado.

Questionado pelo reporter Bernardo Bercht, sobre o melhor tempo naquela saída ter vindo justamente na segunda volta, Hélio revelou que nem tinha prestado atenção nos números:

“Nossa, eu nem vi as voltas pra te falar a verdade. A tensão foi tão grande que eu tava ali na pista tentando segurar o carro da melhor maneira possível. Virou 230? Nem sabia que tinha virado 230. Achei que nem 230 tinha virado.”

A situação era preocupante. O repórter Daniel Balsa, do Grande Prêmio e da cobertura oficial da Fórmula Indy no Brasil, quis saber sobre os problemas da manhã. Hélio explicou que o problema não foi técnico, mas de acerto:

“O problema não foi de manhã. O problema foi o balanço com esse tipo de situação. A gente não tinha feito [esse acerto] na sexta-feira, mas eu não achei que ia ser tão ruim. E agora estamos numa situação bem complicada.”

Perguntado novamente por Bernardo sobre a expectativa para a fila no grid, Hélio tentou ver o lado positivo:

“A sorte é que tem dois carros batidos, né? Então acredito que isso congela até o 28º ou alguma coisa assim. Mas vamos tentar ir pra frente.”

Segunda tentativa: melhora visível, mas ainda longe do ideal

Após ajustes importantes, Hélio retornou à pista para uma segunda tentativa. O carro claramente havia evoluído — principalmente em estabilidade nas curvas e consistência entre as voltas:

  • Volta 1 – 231.305 mph
  • Volta 2 – 231.121 mph
  • Volta 3 – 230.749 mph
  • Volta 4 – 230.730 mph
    Média: 230.978 mph, o que colocou o brasileiro momentaneamente em 20º e garantiu a 24ª colocação final após o encerramento da classificação.

O silêncio de quem deu tudo

Diferentemente de seu estilo sempre aberto e sorridente, Hélio recusou falar com a imprensa após sua segunda saída. Estava visivelmente abatido. Nem mesmo a tradicional animação de estar em mais uma Indy 500 — sua 24ª — foi suficiente para amenizar o sentimento de frustração com o desempenho abaixo das expectativas.

Foi um Hélio Castroneves irreconhecível fora do carro — mas dentro, ainda o mesmo guerreiro que não se entrega.

Agora, com a vaga garantida, ainda que distante do topo, resta à equipe e ao brasileiro encontrar a mágica que já brilhou quatro vezes no Brickyard. Se alguém conhece os caminhos para triunfar em Indianápolis, é ele.

📺 A Indy 500 será disputada no domingo, 25 de maio, com transmissão no Brasil pela TV Cultura(app e site), ESPN4 e Disney+.

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