Plano de financiamento está na mesa para viabilizar o novo chassi da Fórmula Indy a partir de 2027
Com a chegada do novo chassi da Fórmula Indy prevista para 2027, os bastidores da categoria estão fervendo — e não apenas por razões técnicas. A troca do confiável DW12, em uso desde 2012, para um modelo mais moderno e eficiente vem acompanhada de um problema bem real: o custo. E para muitos times, especialmente os de menor orçamento, essa conta pode ser impagável.
Por isso, a Penske Entertainment — que comanda a IndyCar Series — está considerando uma proposta ousada: bancar os novos carros para as equipes e criar um sistema de reembolso parcelado ao longo dos anos. A ideia, ainda em estágio inicial, é transformar a relação entre categoria e equipes em algo parecido com um financiamento interno, facilitando a transição sem quebrar os times no meio do caminho.
Mark Miles, CEO da Penske Entertainment, explicou a revista RACER que o plano envolve apenas a empresa, sem intermediação de bancos: “A primeira prioridade é tornar o novo carro viável e entregar tudo que acreditamos que ele pode oferecer. A segunda é gerenciar o custo absoluto. E, por fim, é pensar em formas de financiar esse custo para as equipes”.
Hoje, o orçamento médio de uma equipe da Indy gira entre 8 a 10 milhões de dólares por ano. Adicione a isso o investimento em dois ou três novos carros por time — sem contar os sobressalentes — e você tem uma verdadeira bomba-relógio financeira. Equipes como a Dale Coyne Racing, por exemplo, pareciam candidatas naturais ao programa. Mas o próprio Coyne rebateu: “Eu posso pegar um empréstimo no meu banco e comprar três carros. Isso (o plano da Penske) não tem valor algum para mim”.
O ponto-chave talvez esteja aí: mesmo que seja uma ideia generosa, o dinheiro continua precisando sair de algum lugar — e isso nem sempre é o maior obstáculo. A diferença estará nos juros, prazos e na confiança na categoria. A dúvida que paira é: o plano será exclusivo para as equipes com contratos de “charter” emitidos pela própria Penske, ou também contemplará times independentes, como a PREMA Racing ou Abel Motorsports?
Até agora, o conceito foi apresentado de forma preliminar em reuniões com donos de equipe — como a de outubro de 2024 — e parece ter evoluído. O financiamento pode cobrir apenas um carro ou toda a nova frota necessária, dependendo do que a equipe desejar. Ed Carpenter, que é dono e piloto da ECR, está curioso, mas cauteloso: “Parece interessante, mas ainda preciso entender melhor como funcionaria”.
Na prática, a ideia mostra que Penske não só quer renovar o grid da Indy, mas também garantir que ninguém fique para trás nessa transformação. Um movimento empresarial com lógica esportiva — e política — clara.
O futuro da categoria passa por decisões como essa. Mais do que apenas um novo chassi, estamos falando da sustentabilidade da Fórmula Indy a longo prazo. E isso, certamente, é algo que vale cada centavo de atenção.
Transmissões da Fórmula Indy estão disponíveis no Brasil pela TV Cultura, ESPN4 e Disney+.