
Foto: Penske Entertainment
Colton Herta, um dos nomes mais brilhantes da Fórmula Indy, está no centro de uma das discussões mais intrigantes do automobilismo mundial: trocar o sucesso consolidado na categoria americana pelo sonho de correr na Fórmula 1. Apesar de ser cotado como um dos principais candidatos para integrar o projeto da Cadillac na F1 a partir de 2026, o piloto de 24 anos não parece disposto a abraçar a mudança de forma tão imediata. E, cá entre nós, é difícil não entender suas hesitações.
Herta, que terminou o campeonato de 2024 em segundo lugar, atrás apenas de Alex Palou, tem uma relação quase visceral com a Fórmula Indy. Ele não só construiu sua carreira na categoria, como também se tornou o vencedor mais jovem da história da categoria em 2019. Agora, com a possibilidade de acumular os pontos necessários para a superlicença da F1 ao final desta temporada, o piloto se vê diante de uma encruzilhada: seguir no ambiente que conhece como a palma da mão ou arriscar-se no universo imprevisível da Fórmula 1.
“Seria difícil deixar um grupo de pessoas com quem gosto tanto de trabalhar. Não é uma decisão simples”, admitiu Herta. E ele tem razão. A Fórmula Indy não é apenas um palco competitivo para ele; é um lar. A conexão com sua equipe e o ambiente familiar que construiu ao longo dos anos são fatores que pesam na balança. Afinal, como ele mesmo destacou, mudar para a F1 significaria abrir mão de algo que pode nunca mais se repetir.
O início da temporada 2024 na Fórmula Indy mostrou o quão forte Herta pode ser. Em St. Petersburg, ele largou em segundo lugar, atrás apenas de Scott McLaughlin, da Team Penske. No entanto, uma parada nos boxes lenta o tirou da briga pela vitória, resultando em um decepcionante 16º lugar. Apesar do revés, o piloto mantém o foco no título. “É muito frustrante terminar em segundo. Estar tão perto e não conseguir é dolorido. Precisamos vencer o campeonato, e este ano não será diferente”, afirmou, com a determinação de quem sabe que está a poucos ajustes de alcançar o topo.
Do outro lado do Atlântico, Mario Andretti, lendário nome do automobilismo e diretor do projeto da Cadillac na F1, tem Herta em alta consideração. A montadora americana, em parceria com a General Motors, busca colocar um piloto dos Estados Unidos na grade da F1 pela primeira vez desde Scott Speed, em 2007. Alexander Rossi, que disputou cinco Grandes Prêmios em 2015, não chegou a ser um piloto fixo. Herta, portanto, seria uma escolha simbólica e estratégica para a Cadillac.
No entanto, Dan Towriss, CEO da TWG Motorsport, empresa que gerencia o programa da Cadillac na F1, entende perfeitamente a postura de Herta. “Isso mostra o quanto ele está focado e presente na Fórmula Indy. É exatamente a resposta que eu esperaria dele”, disse Towriss. “Ele terminou em segundo no ano passado e sabe exatamente o que precisa mudar para chegar ao topo. Não faz sentido ele pensar na Fórmula 1 agora, tanto em termos de categoria quanto em relação à superlicença.”
E é aí que mora o cerne da questão. Herta ainda não tem os pontos necessários para a superlicença da F1, e um top 5 nesta temporada da Fórmula Indy pode ser o passaporte que ele precisa. Mas, mesmo que consiga, a decisão final será sobre muito mais do que números e regulamentos. Será sobre identidade, lealdade e, claro, ambição.
A Fórmula 1 é, sem dúvida, o ápice do automobilismo mundial. Mas a Fórmula Indy tem um charme único, uma competitividade feroz e uma conexão com o público americano que a F1 ainda não conseguiu replicar. Para Herta, deixar tudo isso para trás não é uma decisão que se toma de forma leviana.
Enquanto o piloto pondera seu futuro, uma coisa é certa: Colton Herta já provou ser um talento extraordinário, seja na Fórmula Indy ou em qualquer categoria que escolha. Resta saber se o chamado da F1 será forte o suficiente para tirá-lo de sua zona de conforto. E, cá entre nós, torcemos para que, independentemente da escolha, ele continue a nos presentear com performances espetaculares nas pistas. Afinal, o automobilismo precisa de estrelas como ele.
Reprodução: motorsport