BOLES ESTABELECE AS PRIORIDADES NA GESTÃO DA FÓRMULA INDY

  • Léo "Rock" Alves
  • 22 de fevereiro de 2025

Doug Boles e o desafio de liderar a Fórmula Indy em uma nova era

Doug Boles, o novo presidente da Fórmula Indy, chegou ao Sebring International Raceway nesta semana com uma missão clara: reconectar-se com as equipes, pilotos e, principalmente, com o pessoal operacional da Penske Entertainment que agora está sob sua liderança. Em uma entrevista concedida a Marshall Pruett, da revista RACER, Boles deu os primeiros sinais de como pretende conduzir a categoria em um momento crucial de sua história. E, como era de se esperar, suas palavras já geram expectativas e questionamentos.

Um líder conhecido, mas com novos desafios

Boles não é um nome desconhecido no mundo da Fórmula Indy. Como presidente do Indianapolis Motor Speedway (IMS) desde 2013, ele já havia conquistado o respeito e a admiração de muitos no paddock. Sua energia contagiante e sua habilidade em transformar o IMS em um local ainda mais grandioso e acolhedor são amplamente reconhecidas. No entanto, assumir a presidência da Fórmula Indy é um desafio de proporções completamente diferentes.

Enquanto no IMS o foco era gerenciar uma instalação icônica, na Fórmula Indy Boles terá que lidar com questões técnicas, comerciais, relações com equipes e pilotos, além de pensar estrategicamente no futuro da categoria. E, como ele mesmo admitiu, essa transição não será fácil. “Há uma amplitude de coisas no lado da Fórmula Indy. No IMS, você está focado em uma grande instalação, mas aqui é diferente. Estou tentando entender tudo o que está à nossa frente e priorizar”, disse Boles.

O peso das expectativas

A saída de Jay Frye, ex-presidente da Fórmula Indy, deixou um grande espaço para Boles ocupar. Frye era visto como uma figura técnica e próxima das equipes, alguém que entendia as nuances da competição. Boles, por outro lado, vem de um background mais voltado para marketing, vendas e gestão. Isso não significa que ele não tenha o que é necessário para o cargo, mas certamente significa que ele terá que provar seu valor em um ambiente onde a pressão por resultados é constante.

Um veterano do paddock resumiu bem o desafio que Boles enfrentará: “Espere até que Chip Ganassi ligue para ele, soltando fogo pelo telefone e arrancando pedaços… isso não é um mar de rosas”. A frase, dita em tom de brincadeira, reflete a realidade de quem assume um cargo de tanta responsabilidade. Boles terá que equilibrar as demandas das equipes, dos pilotos, dos fabricantes e, claro, de Roger Penske, o dono da série.

A relação com Roger Penske

Falando em Roger Penske, a relação entre ele e Boles parece ser um dos trunfos do novo presidente. Boles destacou que Penske é um líder que valoriza opiniões e debates. “Roger tem ideias, mas ele quer saber o que todo mundo pensa. Ele espera que eu não apenas ajude a crescer a série, mas também aponte direções diferentes quando necessário”, afirmou Boles. Essa abertura para o diálogo é crucial, especialmente em um momento em que a Fórmula Indy precisa tomar decisões importantes sobre o futuro técnico da categoria, incluindo o desenvolvimento de um novo chassi e motor.

Mãos à obra

Boles deixou claro que não pretende ser um presidente distante. “Meu plano é botar a mão na massa”, disse ele. Essa abordagem prática e próxima do dia a dia das equipes pode ser exatamente o que a Fórmula Indy precisa. Boles já demonstrou essa capacidade no IMS, onde, mesmo de terno e gravata, estava sempre envolvido nas operações. Agora, ele terá que replicar essa postura no paddock, construindo relacionamentos e entendendo as dores e necessidades de todos os envolvidos.

Os desafios imediatos e futuros

O novo presidente não terá tempo para um longo período de adaptação. A temporada 2024 já está batendo à porta, com o Grande Prêmio de St. Petersburg marcado para o início de março. Além disso, Boles terá que lidar com questões de longo prazo, como o desenvolvimento do novo carro da Fórmula Indy, possíveis mudanças nas regras dos motores e a necessidade de atrair novos fabricantes para a categoria.

Sobre o novo carro, Boles admitiu que ainda está se familiarizando com o projeto. “É uma área onde vou ter que me aprofundar. Estive na periferia dessas discussões, mas agora preciso me envolver mais”, disse ele. A expectativa é que o novo carro chegue em 2027 ou 2028, mas, como Boles destacou, a prioridade é acertar o projeto, e não apenas cumprir prazos.

A parceria com a FOX

Um dos pontos mais promissores da atual gestão da Fórmula Indy é a parceria com a FOX. Boles, com sua experiência em marketing e vendas, parece ser a pessoa ideal para potencializar essa relação. Ele já conversou com Eric Shanks, chefe da FOX Sports, e está animado com as possibilidades que a parceria pode trazer. “Temos que entregar um produto que justifique o investimento deles”, afirmou Boles.

Uma nova era para a Fórmula Indy?

Doug Boles assume a presidência da Fórmula Indy em um momento de transição. A categoria precisa se modernizar, atrair novos fãs e, ao mesmo tempo, manter sua essência. Boles traz consigo uma visão de negócios e uma habilidade de gestão que podem ser fundamentais para impulsionar a série. No entanto, ele também terá que lidar com desafios técnicos e políticos que exigirão não apenas conhecimento, mas também diplomacia e resiliência.

Se Boles conseguir equilibrar todas essas demandas e manter a Fórmula Indy no caminho do crescimento, ele pode se tornar uma figura tão icônica quanto Roger Penske. Mas, como ele mesmo sabe, não será um mar de rosas. A boa notícia é que Boles parece estar pronto para sujar as mãos e enfrentar os desafios de frente. E, no mundo das corridas, essa é a única maneira de vencer.

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