Alex Palou e o dilema entre o tricampeonato e as 500 Milhas de Indianápolis
Durante os NTT INDYCAR SERIES Content Days, no início de janeiro, Alex Palou foi confrontado com uma pergunta intrigante: se pudesse escolher apenas uma conquista para 2025, seria o tricampeonato consecutivo da Fórmula Indy ou a tão sonhada vitória nas 500 Milhas de Indianápolis? A resposta do espanhol surpreendeu a muitos.
Palou, que já é tricampeão da categoria, está diante de duas oportunidades históricas. Por um lado, ele pode se tornar o quarto piloto a vencer três títulos consecutivos, juntando-se a lendas como Ted Horn (1946-48), Sebastien Bourdais (2004-07) e Dario Franchitti (2009-11). Por outro, pode finalmente beber o leite em Indianápolis, interrompendo a busca de Josef Newgarden por um tricampeonato consecutivo na prova mais tradicional do automobilismo.
A resposta de Palou foi pragmática: “Se eu tivesse que escolher apenas uma, e depois me aposentar, obviamente escolheria as 500 Milhas. Mas como não vou me aposentar agora, prefiro garantir o tricampeonato e deixar a vitória em Indianápolis para 2026.”
A busca pelo leite
Palou já esteve perto de vencer as 500 Milhas em várias ocasiões. Em 2021, foi ultrapassado por Hélio Castroneves faltando duas voltas para o fim. Em 2022, liderava a prova quando um problema mecânico o obrigou a fazer um pit stop de emergência, relegando-o ao 31º lugar – de onde recuperou até o nono lugar. Em 2023, conquistou a pole position, mas foi atingido por Rinus VeeKay ao sair dos boxes, terminando em quarto. Em 2024, ficou em quinto.
Essa sequência de quase-vitórias só aumenta a vontade de Palou de conquistar Indianápolis. No entanto, ele sabe que o tricampeonato também é uma oportunidade rara e que consolidaria seu legado na Fórmula Indy.
Consistência: a marca de Palou
O que torna Palou tão perigoso é sua incrível consistência. Em 2023, sua pior colocação foi o oitavo lugar. Em 2024, mesmo com sete largadas a partir da 10ª posição ou pior, ele conseguiu cinco top-5. Como disse Scott Dixon, seu companheiro de equipe na Chip Ganassi Racing, “Alex e a equipe do carro #10 são um exemplo de como transformar um dia ruim em um resultado sólido. Esses são os fins de semana que ganham campeonatos.”
Palou atribui parte desse sucesso à equipe que o apoia. “Mesmo quando eu luto e começamos em P16 ou P17, eles me levam para a frente. Em vez de terminar em uma posição ruim, conseguimos um top-10, e isso faz toda a diferença no final do ano”, explicou.
Mudar para continuar no topo
Apesar do sucesso, Palou sabe que não pode ficar parado. Ele ouve os rivais discutindo como superá-lo e entende que a consistência que o levou ao topo agora é o alvo de todos. “Se você não mudar, será ultrapassado rapidamente. Não estou dizendo que vamos mudar tudo, mas estou tentando ajustar algumas coisas, tanto física quanto mentalmente, e até na forma como piloto”, revelou.
Essa mentalidade de evolução constante é o que mantém Palou à frente da concorrência. Ele sabe que, na Fórmula Indy, a competição é feroz e que cada temporada começa do zero. “Ninguém vai se importar com 2024 quando estivermos em St. Petersburg. Agora, o foco é 2025”, afirmou.
Opinião
Alex Palou está em um momento único de sua carreira. Ele já provou ser um dos maiores talentos da Fórmula Indy, mas ainda tem contas a acertar com as 500 Milhas de Indianápolis. A decisão de priorizar o tricampeonato em 2025 pode parecer pragmática, mas também reflete a maturidade de um piloto que entende o valor de construir um legado sólido.
No entanto, a vitória em Indianápolis é algo que transcende estatísticas. É um sonho que define carreiras e eterniza nomes na história do automobilismo. Palou sabe que, mais cedo ou mais tarde, precisará beber o leite para completar sua trajetória.
Enquanto isso, a temporada 2025 promete ser mais um capítulo emocionante na carreira do espanhol. Com sua consistência implacável e uma equipe de primeira linha ao seu lado, Palou tem tudo para continuar dominando a Fórmula Indy. Mas, como ele mesmo disse, a competição está cada vez mais acirrada. E, no automobilismo, nada é garantido – exceto, talvez, a determinação de Alex Palou em continuar no topo.